sábado, 6 de novembro de 2010

Papo de filha


DoutorJuljan fez uma refeição leve na véspera, acordou um pouco mais cedo (sempre acordava cedo), não tomou café da manhã e, como sempre, chegou uns 20 minutos antes da hora marcada de um exame, em que deveria estar pelo menos sete horas em jejum, no Hospital Sírio Libanês. Estávamos em junho de 2009, o exame era tido como essencial ao protocolo para definir o tratamento da doença.

Já estávamos numa inexplicável espera de horas do tal exame, que não acontecia. Por ser diabético, não poderia permanecer tanto tempo sem comer. Mas tinha de esperar.

Duas vezes alguém surgiu no apartamento, para medir a pressão, ou a glicemia.


Três horas passadas desde a entrada no hospital, veio a médica residente. O exame que fez não passou de um pequeno questionário, para o estranhamento do médico da velha guarda. Questionada, ela prometeu voltar em 15 minutos com a resposta de quando aconteceria. Nunca mais apareceu...

Eu tinha trazido o gravador. Passadas mais duas horas, comecei a fazer perguntas. O tema era o início anos 1960, quando sua Policlínica Central tinha a VW do Brasil como maior cliente.



Apesar dos contatos com governo federal serem atribuição da família Monteiro Aranha, ele confessou que certa vez facilitou um encontro entre Schultz Wenk, o presidente da VW, e o então presidente da república, João Goulart.

Era curioso um médico da empresa conseguir isso, comentei com ele.
Sou filha, posso brincar. Principalmente numa situação tensa como a espera, sem explicações, em jejum, de um exame que não acontece, para piorar, num hospital com fama de excelencia e luxo.
Eu: - Você era o poderoso dos poderosos?

Ele riu




Eu: - Lobista da VW?

Ele: - Lobista da VW. [rindo]

Eu: - Se você tem lobistas, mas os lobistas não conseguem, e você consegue, sinal que você é importante!!!

Ele: - Sim [ rindo]

Eu: - Nunca entendi isso, quando eu ligo e digo que é Silvia querendo falar com alguém, não ligam para mim. Quando você diz que é Dr. Juljan, vira uma aura.

Ele: - São acasos, nem sei como é que é.

OK, é papo de filha com pai, contaminando a entrevista. Mas, de fato, assim acontecia e assim era Dr. Juljan, que também viveu acasos incríveis.
Como uma das vezes em que pedira audiência com Presidência da República, sem certeza de quanto demoraria para ter o retorno. Chamaram-no no dia seguinte. Na verdade, queriam falar com Julien Chacel, da FGV. A secretária se confundiu. Quando perceberam, Juljan Czapski já estava lá. Foi recebido.
Em tempo: o tal exame médico no Hospital Sírio-Libanes aconteceu depois de mais de sete horas de inexplicável espera em jejum. Por não ter sido o unico problema do atendimento, Dr. Juljan fez questão de redigir um "relatório de internação", que entregou ao médico e a Conzalo Vecina, superintendente do hospital com quem tinha ótimo relacionamento. Tomara que tenham melhorado. (Silvia Czapski)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Juljan e Alice embrenhados numa mina de Carvão

"Nossa reportagem em companhia da esposa do diretor da mina no fundo dum travessão. Nem sonhar em endireitar as costas!" (legenda da foto feita por Juljan Czapski, em que Alice Brill, a namorada, está ao centro)




"Nossa reportagem é festivamente despedida na estação".
(Legenda da foto em que Juljan Czapski está, com o chapéu mais claro, atrás do menino)

O título da reportagem parece provocação. “O Outro Ouro Negro”.

O Brasil tinha vivido a campanha O Petróleo é Nosso. Mas, no início dos anos 1950, só 7% do petróleo usado no país era produzido por aqui. O carvão mineral - que impulsionou no passado a Revolução Industrial na Europa - também era explorado, mas tido como fonte energética marginal, como se tivesse pouca importancia.

É a época em que os namorados Juljan Czapski e Alice Brill visitaram a mina de carvão no Rio do Peixe, perto de Nova Wola, a fazenda dos Czapskis. Ele estudava medicina, e ela sonhava em ser artista plástica, mas, para sobreviver, fazia fotografia. Ele trabalhava com ela.

O artigo foi encontrado numa caixa, junto com as fotos que ilustram esse post. O conteúdo do texto é uma aula. Que revela o interesse e o conhecimento do estudante de medicina por temas médicos e de saúde pública.

Por outro lado, quem estiver em São Paulo e visitar a exposição de Alice Brill no Espaço Cultural BM&F (aberta até final de dezembro/2010) verá um quadro que ela fez, justamente em Figueira - o povoado próximo à mina! (é o intitulado "Queimando o Judas")

Em tempo - o acidente no Chile coloca em evidencia o tema no mundo todo. A reportagem de Juljan e Alice, dos anos 1950, menciona riscos das minas, naquela época. Após um preparo do local, a exploração se dava por meio de explosões de dinamite, abaixo da terra. Se se formassem gases venenosos, a lamparina começaria a piscar. Era o único sinal de alerta. "O mineiro foge o mais depressa possível até a boca da mina. Uma demora pode significar o risco de morte", informa o texto. E, apesar de tudo, na conversa com os mineiros, o casal percebeu a satisfação com o trabalho.

Trata-se de mais um incrível achado, um novo insumo inédito para o livro sobre Dr. Juljan Czapski, o cavaleiro da saúde. Mas o ideal seria saber onde foi publicado, pois achamos apenas parte das fotos e o rascunho. Será que alguém teria uma dica? (Silvia Czapski)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Onde tudo começou


Esse cartão postal faz parte do acervo de Alice Brill, que já era esposa de Dr. Juljan Czapski, quando se tornou uma conhecida artista plástica (e também fotógrafa, filósofa, escritora, mestra, mãe...).

É dos anos 1930, época em que ela aportou na cidade do Rio de Janeiro, por causa da ascensão do nazismo na Alemanha. Vale lembrar que Brasília ainda nem estava nos planos de ser construida - o Rio de Janeiro que vemos na foto era a Capital Federal. A cidade tinha ainda mais ou menos o mesmo aspecto em 1941, quando lá aportaram os Czapskis, já durante a Segunda Guerra Mundial.

Para os Czapskis, a chegada foi o coroamento de uma aventura incrível, que estará no livro sobre o "cavaleiro da saúde".

Só para dar um gostinho dessa história, eis um dos documentos que comprova um dos lances de uma caminhada de quase dois anos por meio à guerra. Fryderik e Ilza, os pais de Dr. Juljan, guardaram com o maior carinho, levando-o junto nas 22 mudanças de casa (e muitas vezes de cidade), que tiveram de fazer no Brasil.

Trata-se de uma carta da Câmara Polono-Latinoamericana, de apresentação do pai de Dr. Juljan à "Sua Excelência o Senhor Manoel Ribas, D. D. Interventor Federal do Estado do Paraná", escrita pouco antes da guerra. Estávamos em pleno Estado Novo, e todos estados eram governados por interventores.

O contato foi concretizado, durante uma curta visita de Fryderyk no Brasil. Depois, a família Czapski conseguiu migrar para o Brasil, porque o interventor se propos a intermediar a necessária autorização de um visto (sem um visto prévio do país receptor, ninguém podia sair da Europa em guerra).

Incrivel ver, em retrospectiva, como o que poderia ter sido apenas um pequeno acontecimento - visita oficial de um estrangeiro à maior autoridade no Estado durante uma viagem - abriu as portas para a família Czapski iniciar nova vida no "novo mundo". (Silvia Czapski)


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As homenagens continuam


Há poucos dias, chegou em minha casa um envelope com uma revista – Retrospectiva Hospitalar 2010. Havia um pequeno adesivo, marcando uma de suas paginas, mas só ontem parei para examinar com calma.

E me espantei com o número de vezes que Dr. Juljan está citado. Na página marcada, está uma reportagem sobre a mostra “Juljan Czapski – o Cavaleiro da Saúde”, primeira apresentação publica do projeto que tem, como último produto, o livro, com o mesmo nome (mas também tem também este blog e o site www.doutorjuljan.com.br).

Mas tem muito mais.

  • Na seção confraternização e destaques, um quadro especial para a homenagem, feita a Dr. Juljan e Dra. Zilda Arns, pela Hospitalar e entidades parceiras. (na foto, a homenagem como Personalidade da Área de Saúde do Ano, que ele recebeu em 2008, das mãos de dra Waleska Santos; as demais pessoas representam as entidades parceiras da Hospitalar)

  • No mesmo texto, menção à entrega de uma placa de honra à família, por Dra. Luz Maria Loo, presidente da Federação Peruana de Administradores da Saúde, pela intensa atuação internacional de Dr. Juljan.

  • Na reportagem sobre a homenagem da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH), novamente consta o “Cavaleiro da Saúde”, que recebeu a homenagem póstuma, ao lado de Antonio Ganme, fundador do Hospital Nove de Julho.

  • Etc...

É impressionante a evolução da Hospitalar em 17 anos, que, segundo a revista, em 2010 recebeu 89 mil visitantes de 54 países (Feira+Fórum), com 1250 expositores (Feira) e mais de 60 eventos paralelos (Fórum).

Impressiona também a ascensão do grupo Couromoda/Hospitalar, que criou recentemente a São Paulo Feiras Comerciais, com uma alavanca para o grupo crescer ainda mais. Além de executar e operar as cinco feiras já realizadas (entre as quais a Hospitalar), a nova empresa quer prospectar, adquirir e realizar novas feiras, e até gerir eventos de terceiros. Em outubro de 2011, já teremos produto novo no mercado, no mesmo segmento da saúde: a Expo Enfermagem, feira internacional de produtos e serviços de enfermagem. É consequencia do resultado do I Fórum de Enfermagem, promovido na Hospitalar 2010 e, com certeza, dessa nova estrutura que foi criada.

Já foi mencionado em posts anteriores que, por trás do sucesso da Hospitalar - que transparece nas páginas dessa revista -, tem um pouquinho da ação de Dr. Juljan. Ele foi o inspirador do Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde.

Hoje, esse congresso é um dos seis eventos organizados pelo Sinhosp (Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo), Fenaess (Federação Nacional dos Estabelecimentos e Serviços de Saúde), CNS (Confederação Nacional de Saúde)... com a Hospitalar.

O depoimento que Dra Waleska Santos deu, e está no site do projeto, conta essa história, e mostra o reconhecimento dela, que sempre fez questão de qualificar Dr. Juljan como seu guru e grande amigo (a admiração era mútua).

Um pedido. Em vez de fechar esse post com a menção de que esse depoimento é matéria prima para a produção do livro (e é), quero fazer um apelo. Gostaria de ter mais informações que possam enriquecer principalmente a história mais recente do “cavaleiro da saúde”. Se você tiver algo a relatar sobre sua atuação, seja em políticas públicas, apoio que deu no caso de um problema de saúde, ou mesmo divergências importantes, entre em contato. Faça seu comentário nesse post, ou escreva-me diretamente. (Silvia Czapski)

domingo, 12 de setembro de 2010

Surpreendentes (Re) Encontros

Na busca de confirmação de dados, ou do detalhamento de informações para o livro sobre o Cavaleiro da Saúde, vou reencontrando pessoas que passaram por minha vida, em outros momentos.

É o caso da família von Koss. O pai de Juljan, Fryderyk Czapski, era vizinho e amigo do pai de Henning Hans Gunter von Koss, na Polônia.

A II Guerra Mundial empurrou os Czapskis para o Brasil. E a situação do pós guerra induziu a vinda de Henning, com a esposa e filhos para cá.

Certo dia – e essa história estará no livro sobre o Cavaleiro da Saúde – por uma interessante coincidência, Dr. Juljan reencontrou o sr. von Koss em São Paulo. Dr Juljan já tinha a Policlínica Central, e von Koss era o responsável pelos recursos humanos da Volkswagen do Brasil, ainda com 129 funcionários.

Entusiasmado com o sistema de assistência médica da Policlínica, von Koss viabilizou a contratação da empresa para atender a VW. Desde então, o crescimento da indústria automobilística no país contribuiu fortemente para o também crescimento da medicina de grupo. (
na foto, dr. Juljan, à esquerda, apresentando a Policlínica a Heinrich Nordhoff, à direita, então presidente mundial da VW e responsável pelo estrondoso sucesso do fusca no mundo)

Além de dirigente da Policlínica, Dr. Juljan tornou-se médico particular da família von Koss. Mas, assim como a vida aproximou, também se encarregou de afastar as duas famílias. Desses afastamentos que ocorrem por circunstancias somente explicáveis pelo tamanho da metrópole.

De repente, graças ao projeto de fazer um livro sobre Dr. Juljan, o reencontro. Por enquanto, só pela comunicação telefônica e eletrônica. Sra Inge, viúva de Henning von Koss ofereceu informações preciosas dos velhos tempos. Filha de Hening, Monika von Koss, que escreveu um livro sobre a família para os próprios familiares, complementou. E mais. Henning von Koss, irmão de Monika e filho de alguém que contribuiu, indiretamente, para a expansão da medicina de grupo no Brasil, é hoje presidente da Medial Saúde, empresa adquirida recentemente pela Amil, uma das apoiadoras do projeto Cavaleiro da Saúde.

Coincidências existem?
(Silvia Czapski)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Últimos a saber?

Nem gosto de relembrar os primeiros dias após a noite de 12 de janeiro, quando Dr. Juljan faleceu. O telefone não parava de tocar, as mensagens (que eu fazia questão de responder) não paravam de chegar. Deve ter sido o mesmo para meus irmãos e tios, mas naquele momento era tanto peso, que a gente nem conseguia conversar sobre isso.

Tanta confusão, que só poucas semanas atrás descobri que, em 21 de janeiro, o Conselho Municipal de Saúde de São Paulo prestou homenagem a ele. Foi durante a 131ª Reunião Ordinária, 9 dias após seu falecimento.

Claro que teve o tradicional minuto de silêncio, não só para Dr. Juljan, como também para Zilda Arns, a fundadora da Pastoral da Criança, e as vítimas do terremoto no Haiti, que – triste coincidência – foram embora no mesmo dia.

Foi o conselheiro José Guilherme de Andrade - Titular do representante da Sociedade Civil, movimentos sociais/ população negra tanto no Conselho Municipal, como no Estadual de saúde - o encarregado de falar em homenagem ao Doutor Juljan. E falou bonito. Em poucas palavras, descreveu Dr. Juljan, seus interesses e formas de atuar. E encerrou assim:
“...quisera Deus que um camarada nascido em Mococa, interior de São Paulo, viesse homenagear um polonês que, fugido da guerra, atravessou toda a Europa, com a mãe e irmãos (...) Quisera Deus poder falar sobre esse grande homem, e quisera Deus terminar sua fala citando o maior poeta da língua portuguesa – Camões:
“Cesse tudo
O que a mais bela Musa canta
Porque um valor
Muito mais alto
Se levanta."
Ao ter direito à palavra, também Jamil Murad, médico, vereador, ex-deputado, fez questão de homenagear “a Dra. Zilda Arns e o Dr. Juljan, que batalhavam conosco nessa trincheira”. E fechou assim, sua fala:

“Valeu a pena a vida que eles tiveram aqui e o esforço que fizeram, e nós todos aqui temos esse compromisso de levar adiante, por mais difícil que seja a batalha, mas levar adiante”.

Acho que não preciso contar que a homenagem ganhou uma página do site doutorjuljan.com.br. Com direito a link para a ata da reunião (disponível no formato pdf) e para as manifestações na íntegra, tanto de José Guilherme, como de Jamil Murad, que também foram inseridas, estrategicamente, como depoimentos.
(para conferir as outras homenagens, tem de clicar aqui)

Em tempo – ainda estamos na revisão final do site. Será ótimo ter sugestões e opiniões para melhora-lo. Pois tudo também é matéria-prima para o livro, que sairá em 2011. (Silvia Czapski)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mosaico de palavras
(depoimentos no novo site)

Sempre tive fascinação por mosaicos. Pequenas peças de algum material, que – colocadas juntas – formam algo novo, com um novo sentido.

Quando criança, eu gostava tanto de vitrais, que nos anos 1960 – tempo em que Dr. Juljan começou a participar de congressos e entidades internacionais – ele e minha mãe compraram na França um dos mais belos livros que já ganhei. Conservo-o até hoje. Capa dura, com centenas de páginas - um luxo, na época - reproduz vitrais de igrejas medievais francesas em folhas quase transparentes, provavelmente acetato.

Mais tarde, fiz um curso de artesanato em vidro. Claro que o que mais gostei foi a produção de mosaicos. Detalhista, levei meses para produzir um único, com pequeníssimos cacos coloridos de vidro italiano.

Relembrei de tudo isso ao rever os 40 depoimentos sobre Dr. Juljan, que estão entrando no site sobre o Cavaleiro da Saúde. A sensação é que são uma das mais fantásticas matérias primas para o mosaico de palavras que devo compor, ao fazer o livro sobre a vida de Juljan Czapski.

Nossa memória é seletiva. E tende a guardar mais os bons momentos. Portanto o que temos é um conjunto de pequenos e grandes eventos, vividos por e com diferentes pessoas, que dão suas próprias visões dessas vivências. Para mim, às vezes despertam lembranças. Outras vezes soam como verdadeiras descobertas de facetas que não tive o privilégio de conhecer.

São um brinde para quem está esperando o livro. Pois revelam diferentes aspectos desse personagem que foi protagonista da história da saúde no país, nos últimos 50 anos.

Clique aqui, para visitar. Mas não deixe de mandar suas críticas, opiniões, sugestões, pois trata-se de um site em construção. (Silvia Czapski)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fraude contra aposentados

Estivesse vivo, em vez de divulgar num blog, Dr. Juljan comentaria essa correspondência com dezenas de pessoas de seu relacionamento pessoal. Também levaria às autoridades competentes para denunciar. Não seria o primeiro.

Semana passada chegou para ele (assim como provavelmente nas residencias e em nome de milhares de aposentados e aposentadas) um aerograma do Poder Judiciario, com uma informação tentadora, sobre o ganho de uma ação indenizatória contra a "Previdência Privada (Capemi Caixa de Peculios, Pensões e Montepios)".

Veja na imagem ao lado: valor a receber: R$ 45.390,60. Porém há um guia de recolhimento de despesas judiciais, de R$ 2.857,20.

Olhos arregalados com o ganho inesperado, o(a) incauto(a) lê que deve agendar o comparecimento a audiência para o devido resgate, "pelo número de telefone abaixo" (que copio, para registro: 11-6249.4342, ramal 6504, de segunda à sexta feira, das 9 às 16h).

Pois bem, a imagem que ilustra este post não é a carta recebida por Dr. Juljan. Mas é praticamente igual, mudando a data (3 de agosto de 2010), nome do "diretor de serviços" (Bruno Mendonça Carrillo) e valor da guia de recolhimento. Encontrei no blog de Marcelo Galvani, que fez a denuncia em fevereiro/2010. Também ele não foi o único a denunciar. Uma pesquisa em sites leva a dezenas de alertas em que outros detalhes podem mudar, como o nome de "diretor de serviço" (que "assina" a notificação) e o valor da ação.

O blog do beagle apresenta outros elementos que evidenciam o golpe: o Poder Judiciário não envia aerogramas, não existe "audiência para o devido resgate", nem há "Vara de Falencias" mas 'Oficio de Falencias". Lá está escrito que está em curso um inquérito policial contra essa fraude.

O fato é que correspondências continuam a chegar na casa de aposentados e aposentadas, o que quer dizer que o golpe continua. Por isso, a decisão de sair do tema central dos posts (livro sobre o Cavaleiro da Saúde), para também divulgar a denuncia. A esperança é que menos gente caia nessa conversa. (Silvia Czapski)


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A força das redes


Surpreendente! Entramos no google, digitamos a frase "Homenagem a Dr. Juljan (uma vida que parece romance)". Assim mesmo, entre aspas para indicar apenas os links que contém a frase exata. Em primeiro lugar, vem o filme, de 7 minutos, no dois locais onde foi inserido - Vimeo e Youtube.

Mas a busca mostra muito mais: até agora, em menos de 3 semanas, cerca de 70 endereços de sites "adotaram" este vídeo em seus próprios portfólios. Feito em 2008, como parte da homenagem da Hospitalar e entidades parceiras, que o elegeram como Personalidade da Área de Saude do Ano, o video vai além da medicina, mostrando sua vida que, como o título diz, mais parece um romance.

A foto que ilustra este post está no vídeo e é um bom exemplo. Tirada e junho de 1939 é o último registro da família na fazenda Obra, em Poznan/Polônia, onde Juljan nasceu. Em setembro daquele ano, com o início da II Guerra Mundial, a fazenda foi invadida pelo exército nazista. Expulsa, a família viveu uma odisséia de dois anos, até chegar no Brasil, a nova pátria.

Claro que teremos mais espaço para contar essa emocionante história no livro sobre o "Cavaleiro da Saúde". Mesmo assim, se você não viu o video, assista! E que venham mais indicações e adoções! (Silvia Czapski)

domingo, 8 de agosto de 2010

Barbara Myers - Lembranças de 1953

O pessoal do Instituto Moreira Salles que me perdoe, mas ilustro essa com uma fotografia que Alice Brill, esposa de Juljan Czapski, fez nos anos 1950, do Carnaval na Bahia. O negativo é hoje do Instituto. Mas essa ampliação foi feita e guardada por Alice. O que está no verso, revela a história da imagem. Seja pelo carimbo (ao lado), ou pelo que Alice anotou à mão: “Carnaval – Bahia” e “música e dança, força expressiva individual e coletiva”. Em geral, peço antes, o IMS autoriza, e eu indico que o copyright é deles. Justíssimo! Só que escrevo num domingo. Depois falarei com eles!

Ufa! Tudo isso para contar sobre uma carta que recebi de Barbara Myers, que se tornou amiga de Alice em 1947, quando ambas estudaram arte na Universidade de New México, EUA. Bolsista, Alice namorava Juljan, que ficara no Brasil. Barbara ainda não conhecia David Myers, seu então futuro marido, também falecido (ele foi um renomado cineasta, realizador de documentários).

Pois bem, em 1953, Barbara visitou Juljan e Alice em São Paulo. Já eram casados, e Juljan, que ainda estudava medicina, estava em férias. Juntos, foram para a Bahia. Era carnaval! (esse carnaval que vemos na foto)

Poucas semanas atrás, Barbara soube do falecimento de Juljan (“I’m so sorry to hear that he passed away. He was such a nice person.”). Eis uma lembrança dela, dessa convivência, numa livre tradução minha:
O que lembro são momentos”, diz, “por exemplo, quando estivemos na Bahia. [Juljan] abriu uma maleta cheia de dinheiro. Ele disse: “veja, isso é o que faz a inflação! Nós precisamos de todo esse dinheiro para pagar a estadia na pensão!

(...) Ele me disse, uma vez, para vestir [roupas] com mangas compridas, caso contrário algum homem se aproximaria e diria “Delicioso”.

Esses eram os hábitos 55 anos atrás, ainda antes do biquíni! (...) Era minha primeira vez fora dos EUA, e eu fiquei intrigada com um amigo de Alice, que veio conosco para a Bahia, trazendo seu macaco de estimação no avião.”

Confesso ter ficado emocionada com esse relato de Barbara. Pequenos detalhes que ensinam sobre o modo de vida de um jovem casal, há mais meio século!
(Silvia Czapski)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Video na rede - a vida de Dr. Juljan

Está no Vimeo um vídeo de 2008, emocionante homenagem a Dr. Juljan.

Produzido pela Hospitalar e entidades parceiras teve meu apoio na obtenção dos materiais (inclusive um filme da fazenda Obra, onde nasceu, de 1925!).

Tem pouco mais de 7 minutos. O link entrará no site doutorjuljan.com.br.
Mas passo, desde já, para os mais curiosos! http://vimeo.com/13531524 (Silvia Czapski)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Trigo – uma história de guerra e uma busca

Ando em busca de informações sobre a revista “Lar”, auto-classificada como a "revista da família". Já fiz uma pesquisa no “santo google”, mas nada encontrei. E no entanto ela existiu, assim como duas outras revistas do mesmo grupo, sobre as quais também nada achei.
A busca tem a ver com a pesquisa sobre Dr. Juljan e as profissões que tentou, antes de abraçar a medicina (e mostra um pouco dos desafios em torno do grande desafio de escrever um livro sobre sua vida).

Meses atrás, encontrei, entre seus papéis, um atestado de 9/8/1948, manuscrito e autenticado em cartório, assegurando que “Juljan D. Czapski, polonês, solteiro, maior, domiciliado nesta Capital [São Paulo] à rua João Moura n. 941, é colaborador daquela revista, percebendo por trabalho.”

O papel timbrado há mais detalhes: a revista, de São Paulo, pertencia à Edições “Jóias da Família”, que também publicava Ruth (revista das moças) e O Periquito ( revista infantil de utilidade pedagógica), tendo como diretor proprietário A. Leal da Costa Neves.

Só que os dados foram insuficientes para encontrar outras informações. A carta também não especificou que tipo de colaboração Dr. Juljan deu à revista.

Até que encontrei, dias atrás, entre papéis de minha mãe, Alice Brill, o artigo Trigo.

Datilografado em quatro páginas, assinado por ambos (em 1948 ainda eram namorados), ele menciona que se trata de reportagem do LAR, feita na Estação Experimental de Ponta Grossa, no Paraná.

É um texto abrangente, bem escrito, didático, retrato de época, que mostra – nas entrelinhas – a vivencia de ambos, imigrantes europeus, que viveram histórias da Segunda Guerra Mundial.

“Não há quem não se lembre como sofremos durante a guerra com a falta de farinha, consequencia da inexistência de maiores plantações de trigo em nosso paiz", escrevem no segundo parágrafo, antes de entrar na descrição do local, seus habitantes, e as atividades exercidas.

Essa estação experimental, muito bem instalada segundo o texto, produzia e distribuía sementes a agricultores. Muitas das quais, novas variedades obtidas por processos tradicionais de melhoria. Que seguiam a seguinte sistemática: de uma plantação, escolhiam-se as plantas mais produtivas e melhor adaptadas ao solo local, retirando suas sementes para a reprodução.

Plantadas essas sementes, era preciso esperar a colheita, para repetir o processo de seleção das melhores. E assim sucessivamente, até concluir que se chegou à nova variedade. E isso demorava de sete a 15 anos!

O texto é otimista, de um lado, com as perspectivas para o país. De outro, revela ceticismo quanto aos métodos “mais científicos”, de laboratório, para obter novas variedades de trigo: “isso exige muitos aparelhos e nunca se tem certeza do resultado esperado”.


Ocorre que a leitura torna-se mais saborosa se soubermos dos bastidores. A raiz da explicação e das opiniões expressas nele está um fato, vivido por Juljan na fazenda Obra em Poznan, Polônia, onde ele nasceu e viveu até o inicio da adolescência: uma história do desenvolvimento de uma variedade de trigo que não “vingou” graças a um ato de solidariedade dos colonos poloneses, para com os Czapskis e contra o exército nazista.

Essa é uma das poucas passagens da vida de Dr. Juljan que consegui gravar (audio). Só que, antes de reproduzir suas palavras, tenho de dar o contexto: por estar próxima à fronteira alemã, Obra foi tomada pelo exército alemão logo que a II Guerra Mundial começou (setembro/1939). Durante algumas semanas, a família Czapski ficou confinada numa das casas da própria fazenda. Depois foi transferida para um campo de prisioneiros. Enfrentando risco de vida, os colonos continuaram a dar apoio aos Czapskis. Veja o que fizeram com o trigo:
“Na Polônia, o trigo era bem mais caro que o centeio. Ele não dava em terras fracas. Aí meu pai [Fryderyk Czapski] e [Prof. Fritz] Christiansen [-Weniger, consultor na área agrícola, amigo da família] tiveram a idéia de criar uma espécie de trigo que desse bem em terras fracas.

Ele viajou com minha mãe em regiões onde se plantava trigo em terras fracas. Eles escolhiam uns grãos de plantas boas, depois semeavam [em Obra, fazenda dos Czapskis]. Depois tiravam as melhores. Isso era por anos.

[Enfim] reconheceram uma espécie nova de trigo (...) em 1938. Previram para plantio em 1939. Aí veio a guerra. E ninguém abriu a boca sobre o que era. Virou tudo farinha.”
Doutor Juljan sempre contou com emoção essa história, de como os ex-funcionarios de seu pai, ante a injustiça da Guerra e a expulsão dos Czapskis - patrões - preferiram perder uma nova e mais produtiva variedade de trigo, tão arduamente buscada e longamente testada, a deixar que os invasores alemães lucrassem com isso!

A saber: a alma ecologista de Doutor Juljan não aceitou a adoção dos organismos geneticamente modificados, mais conhecidos como transgênicos, que a ciência desenvolveu mais recentemente. Dizia que o “homem quer brincar de ser Deus”, sem medir riscos para a saúde e o meio ambiente de disseminar novas espécies. Mas este é um outro tema, a abordar em outro post. Deixo apenas uma dica: o "cavaleiro da saúde" foi fã do filósofo Hans Jonas, tão pouco conhecido no Brasil. Leu e releu seus livros, que existem em espanhol! São boa fonte para pensar essa questão, e tudo o que se diz hoje sobre bioética.

EM TEMPO – em breve, espero ter o site de doutorjuljan no ar. A reportagem é um dos 30 textos selecionados, que estarão disponíveis para a leitura. Certamente, havia fotos feitas por Alice Brill, que hoje pertencem ao Instituto Moreira Salles. Mas essas eu não encontrei! (Silvia Czapski)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Brasil e México: Recuerdos de Dr. Fajardo-Ortiz

Enquanto enfrentamos problemas técnicos, que atrasam o lançamento do site do projeto "Dr. Juljan Czapski - O Cavaleiro da Saúde", aproveito para divulgar um belo texto do Dr. Guillermo Fajardo-Ortiz, da Federação de Hospitais do México que entrará na seção Depoimentos.

Trata-se, na verdade, de um artigo onde ele conta, por exemplo, como Dr. Juljan conseguiu influenciar para que o México - na pessoa de Dr. Fajardo-Ortiz - ganhasse a presidência da Federação Internacional de Hospitais (FIH), no período 1985-1987.

Também reproduz trecho de um pronunciamento do "cavaleiro da saúde", feito na Noruega nos idos de 1975 que revela seu jeito simples, direto e incisivo de diagnosticar problemas e buscar soluções para sistemas de saúde. Palavras ainda atuais, surpreeendentemente!

Logo que recebi, perguntei a Dr. Fajardo Ortiz se poderia divulgar o depoimento em outros meios. Gentilmente, ele respondeu que que a reprodução é permitida (desde que citada a autoria, claro!). Fica a dica. (Silvia Czapski)

DR. JULJAN CZAPSKI (1925-2010)
-Recuerdos, retrospectivas y evocaciones filiales-

Adentrarse en la vida de Juljan Czapski, que yo conocí, es buscar un hilo conductor, que lleva a varias preguntas ¿Debe abordarse cronológicamente?, ¿Temáticamente?, ¿Geográficamente?

Rescatar y amalgamar una infinidad de recuerdos, en particular aquellos que me parecen más importantes, en cuanto a mi relación con el Dr. Juljan Czapski, implica un proceso de búsqueda y de examen de hechos ocurridos desde hace más de cuatro décadas, enmarcadas por una posición personal y otra profesional, no siempre fáciles de separar, en todo caso dan lugar a reflexiones, así, compartiré algunos juicios, entremezclados, a todas luces incompletos, en cuanto a Juljan Czapski.

Es para mi un acto de justicia “visibilizarlo”, no se trata de colocarme en una posición dada por el afecto y amistad, se trata de un hecho que incidió positivamente en mi desarrollo profesional y de otros aconteceres que determinaron ciertas conductas sociales.

Juljan y yo tuvimos múltiples encuentros y re-encuentros en Brasil, Argentina, México y muchos otros países. Busco, quiero evocar lo que tratamos, vienen a mi innumerables hechos. Como sea, después de múltiples ires y venires en cuanto a recuerdos, deseo evocar en este escrito su humor fino y profundo, su cultura amplia, su conversación aparentemente informal o cotidiana, pero que tenía mucha originalidad, delicadeza, tacto y sabiduría.

Juljan hizo gala de su interés marcado por la problemática de la salud pública, de la atención médica, de los hospitales y de la medicina social, mostrando una vocación especial por explorar, desarrollar e investigar otros posibles caminos y soluciones.

¿Cómo nos comunicábamos? Juljan me hablaba en portugués, yo en español, en ocasiones ambos en inglés, así servíamos a nuestros pensamientos, valores y nuestras perspectivas.

Hay que decir que Juljan fue un hombre que nació en Polonia, que supo mantener su origen étnico, mostrándose a la vez como hombre que reconoció y asumió en Brasil otra cultura y valores que habría que respetar. Su origen, su vida en Brasil, el dominio de otras lenguas y sus viajes le permitieron ser un hombre “multi-cultural”, significaba tener simpatía y empatía por otras culturas y hombres, sin adquirir posiciones paternalistas o protectoras.

Lo recuerdo siempre con su cara sonriente, amigable, festejando nuestros cruces.

En una visita a México con cierta sorna me obsequió un objeto metálico de Brasil, una especie de arco como de 10 centímetros de largo, dentro del mismo se encuentran dos pájaros y varias hojas de árbol, del cual penden 10 pequeñas figurillas: frutas, recipientes, y una mano con el dedo pulgar entre el dedo índice y el dedo medio. El objeto, que conservo, era un amuleto para la buena fortuna. ¡Gracias Juljan!

Un parteaguas en mi trayectoria profesional, una historia interesante para mi, fue cuando en su hacienda en Brasil, sostuvo un dialogo con un hombre excepcional, Miles Hardie, director de la Federación Internacional de Hospitales, se analizó mi persona, se me estudió y sin trivialidades Juljan apuntó que yo debía ser el próximo presidente de a Federación, puesto que ocuparía de 1985 a 1987. ¡Gracias Juljan!

Entonces la Federación tenía como sede Londres, Inglaterra. Este hecho no lo llevó a capitalizar personalmente su influencia sobre M. Hardie o sobre mí, fue un medio de servir. ¡Gracias Juljan!

La agenda de Juljan Czapski estuvo llena de actividades políticas, sociales, sanitarias, familiares y comunitarias, pero como hombre interesado en la salud de los hombres, fue un líder y sembrador de ideas, sabía como adaptarse a las diferentes circunstancias, sin ser un hombre fuera de la ética.

Dedicado, como siempre, a no quedarse cruzado de brazos, con una mente visionaria, J. Czapski imaginó y organizó la Asociación Ituana de Protección Ambiental, de la que fue presidente, hechos que ocurrieron muchos años antes que el tema de la ecología se hiciera presente con claridad, en el mundo, corrían los últimos años de la sexta década del siglo XX.

Tengo la impresión de que su propuesta tuvo como base una firme identificación inspirada no solo por su profesión médica, sino por los ideales sociales, la mejoría del ambiente a favor de los hombres.

Además de su trabajo profesional, nacional Juljan registró un importante dinamismo en los ambientes internacionales en: OMS-UNICEF, Federación Internacional de Hospitales y en la Federación Latinoamericana de Hospitales.

En septiembre de 1978 tuvo lugar en Alma Ata, URSS la reconocida Conferencia sobre Atención Primaria de Salud, organizada por la UNICEF y la OMS, a la que asistió el Dr. Juljan Czapski, ocupaba el puesto de Secretario General de la Federación Brasileña de Hospitales, a la vez era miembro del Consejo de la Federación Internacional de Hospitales (FIH) en la conferencia tuvo la representación de la FIH, siendo reconocida su asistencia.

El 25 de junio de 1979 en Oslo, Noruega, el Dr. F. Kohler, Presidente de la Federación Internacional de Hospitales le entregó a J. Czapski un certificado en que se le agradecía su participación como miembro del Consejo Directivo.

Juljan con su participación en congresos, conferencias y reuniones internacionales nos nutrió, además de informar, analizaba, valoraba y proponía, así Juljan aquilato la importancia de contar con un organismo que coordinara las asociaciones nacionales de hospitales de América Latina, favoreciendo la fundación de la Federación Latinoamericana de Hospitales al finalizar los años setenta del siglo pasado, a mi juicio con una posición objetivista favoreció que yo fuera el primer director de dicha agrupación ¡Gracias Juljan!

En Oslo, Noruega en el Congreso Internacional de Hospitales realizado en junio de 1975, J. Czapski presidió la sesión titulada: “Empleo de personal no profesional en las funciones profesionales”. El Dr. Czapski expresó:

“Uno de los problemas más importantes de índole sanitaria en los países en vías de desarrollo en la casi inexistencia de personal técnico formado, como por ejemplo enfermeras, enfermeras auxiliares, técnicos de rayos X, personal de laboratorio, nutricionistas, etc. Falta igualmente información estadística precisa sobre el número de personal técnico disponible.”

“En Brasil este tipo de personal sólo existe en las grandes poblaciones. La mayoría de los hospitales que se encuentran en la zona del interior, incluido el campo de la cirugía, trabaja con enfermeras auxiliares. Todas las demás funciones técnicas están bajo la responsabilidad de profanos, de formación más o menos fuerte; pero incluso el número de éstos es bastante reducido. La mayoría de los hospitales no gubernamentales de Brasil posee una proporción personal-paciente de 1:1 y de 1:5, representada sobre todo por la plantilla de enfermeras (alrededor del 50%).”

“Por consiguiente, la situación en estos hospitales se presenta así:

a) No se puede emplear equipo complicado.

b) No se puede emplear técnicas perfeccionadas.

c) El médico ha de poder improvisar para remediar estas deficiencias.”

“A pesar de estos datos, los resultados aparecen relativamente satisfactorios: en hospitales hasta de 50 camas con por lo menos una enfermera auxiliar, así como en mayores hospitales con una enfermera más 2 o 3 asistentes formados en la materia, los índices de infección y de mortalidad no supera los existentes en centros más avanzados. En lo tocante a la nutrición, el mismo médico establece las dietas o realizar por el cocinero. El apartado más espinoso es el diagnostico.”

“En los centros mayores se imparten cursos de formación para el personal; en los demás lugares del país esta formación tiene que adquirirse en pleno servicio. El reclutamiento del personal de enfermería se realiza entre la plantilla de limpieza o de cocina que posea, por lo menos, una base mínima de cultura; el personal auxiliar de cirugía se recluta entre asistentes de enfermería, etc… Daré algunas sugerencias en lo que respecta a la formación de dicho personal.”

“Se puede explicar en parte este estado de cosas por los bajos tipos de remuneración así como por los requisitos innecesariamente elevados de historial profesional.”


Las anteriores expresiones dejan ver que Juljan, además de un extraordinario conductor de sanitarismo, fue un pensador profundo tanto por sus conocimientos sobre humanismo como por sus incursiones en torno a las ciencias médicas, en otros términos con curiosidad exploraba diversos temas que le resultaban afines o despertaban su interés –la política, la economía, las religiones, etc.

Otra participación valiosa de Juljan ocurrió en Río de Janeiro del 23 al 27 de junio de 1980, durante la celebración de la VIII Conferencia Regional de Hospitales de la Federación Internacional de Hospitales y la V Asamblea de la Federación Latinoamericana de Hospitales, entonces fue coordinador de la Comisión Científica Juljan Czapski, propusó y recomendó en forma atinada temas y expositores.

Juljan Czapski nos agrando la vida, nos entregó su confianza, experiencia y madurez ¡Gracias Juljan! (Dr. Guillermo Fajardo-Ortiz)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Haja coração...

..... para absorver o número de homenagens póstumas que vem sendo prestadas a Dr. Juljan. Ele mesmo jamais imaginou algo assim.

Semana passada, tivemos

* Homenagem prestada pela Federação Brasileira de Administradores Hospitalares - FBAH (24/5, no jantar anual que reune 1000 convidados). Detalhe - Padre Niversindo Cherubin, fundador, contou que Dr. Juljan atuou na entidade desde sua formação.

* Em seguida (25 a 28/5, na Hospitalar) a exposição "Juljan Czapski - O Cavaleiro da Saúde", já mencionada no post inaugural deste blog (em tempo - adooorei a receptividade)

* Durante o também disputado jantar da Hospitalar e entidades parceiras (26/5), a lembrança a Dr Juljan e Dra Zilda Arns - ambos premiados como Personalidade do Ano na Area da Saúde e, triste coincidencia, falecidos em 12/1 - coroada com a entrega de um belo troféu da Federacion Peruana de Administradores de Salud (FEPAS), trazido do Peru pela carismática dra. Luz Loo, presidente da entidade.

E os discursos....

Basta mostrar um deles, para simbolizar as várias menções ao "cavaleiro da saúde" durante os três dias do Fórum Hospitalar (mais de 60 eventos, associados à Feira). É a apresentação do Dr. Humberto Gomes de Mello, presidente da FENAESS, que abriu o 15º Congresso Latino Americano de Serviços de Saúde (ClasSaude), na semana passada.

Logo que desceu do palco, eu não resisti e fui falar com ele. Queria ser a primeira a receber uma cópia. Fiquei até sem jeito quando ele tirou de seu bolso o texto original, que acabara de ler! Tomo a liberdade de reproduzir aqui, marcando em negrito o trecho que homenageia Dr. Juljan.

"Senhoras e Senhores,

Em sua 17° edição, a Hospitalar Feira e Fórum consolida-se não só como o maior evento especializado em saúde das Américas - e segundo maior do mundo - mas principalmente como um espaço qualificado para o debate entre dirigentes hospitalares, empresários de todos os setores da área da saúde, profissionais, gestores, lideranças políticas e universitárias na busca de soluções para os problemas que afetam a saúde de todos os brasileiros.

Em paralelo à feira, estaremos realizando, a partir de agora, o 15° Congresso Latino Americano de Serviços de Saúde com a abordagem dos temas: Sistema de Saúde Público-Privado, Saúde Suplementar e Capacitação Profissional em Saúde.

Também, como eventos oficiais, estarão sendo realizados, concomitantemente: o 5° Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde; o 4° Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios Clínicos; o 1° Congresso Brasileiro de Aspectos Legais para Gestores e Advogados da Saúde; o 3° Congresso Brasileiro de Tecnologias da Comunicação e Informação em Saúde e o 1° Congresso Brasileiro de Políticas e Gestão em Saúde Mental.

Como nos anos anteriores, o formato e grande parte das idéias e temas do Classaúde 2010 foi fruto da mente clarividente e voltada para o futuro do coordenador dos nossos eventos oficiais - Dr. Juljan Czapski - que nos deixou em meados da caminhada, no início do corrente ano.

Num dever de justiça, todos nós que fazemos a Fenaess, CNS, Sindhosp e Hospitalar temos muito a agradecer a Juljan Czapski pela sua dedicação ao setor saúde e em especial pela sua inquietude na busca de uma capacitação cada vez melhor de todos os profissionais de saúde. Obrigado Juljan pelos momentos de aprendizado transmitido a tantos quantos tiveram o privilégio, como eu, de usufruir do seu convívio, mesmo que em momentos raros.

O fórum proporcionado pela Hospitalar 2010 é altamente significativo e importante para discutirmos e refletirmos sobre a realidade do setor saúde que enfrenta dificuldades imensas apesar de todos os esforços do Ministro José Gomes Temporão que vem lutando, todos os anos, para conseguir um orçamento compatível que atenda às necessidades da população.

São mais de 150 milhões de brasileiros que vivem exclusivamente do Sistema Único de Saúde e o orçamento para assistência hospitalar e ambulatorial, neste ano, é de apenas 31,3 bilhões de reais, contrastando com a receita de 63,6 bilhões de reais dos planos privados de saúde, em 2009, para atender 42,8 milhões de beneficiários

Com tais recursos orçamentários definidos em orçamento torna-se impossível corrigir as imensas defasagens dos procedimentos de serviços médico-hospitaiares pagos pelo SUS, mas, há que se fazer alguma coisa para reverter essa situação!

Os esforços empreendidos pelo Ministro Temporão, pela Frente Parlamentar da Saúde e pelas entidades representativas do setor saúde têm sido insuficientes para sensibilizar o Congresso Nacional a regulamentar a Emenda Constitucional 29 que estabelece percentuais mínimos a serem aplicadas em saúde.

A não regulamentação da emenda constitucional fez com que 13 governadores deixassem de aplicar os 12% constitucionais, no ano de 2008, segundo estudo do Ministério da Saúde, como foi publicado pela Folha de São Paulo do último dia 15 do corrente mês. Nos dados mostrados pela Folha observa-se um contraste entre os investimentos em saúde do Amazonas e Rio Grande do Norte - 21,39% e 17,77%, respectivamente - e o que foi investido por Minas Gerais e Rio Grande do Sul - 8,65% e 4,37%, respectivamente.

O interesse de estados brasileiros em encontrar soluções para a gestão e os custos da assistência hospitalar e ambulatorial prestada a pacientes do SUS começa a ser apresentado, agora, com a discussão das Parcerias Público-Privadas que vêm dando certo, há vários anos, em algumas unidades da federação.

Há que se encontrar, porém, outros caminhos que façam com que estados e municípios se juntem ao Ministério da Saúde na busca de soluções urgentes para equilibrar os valores que são pagos pelos procedimentos do SUS com os custos de tais procedimentos.

Apesar de tudo o setor vem dando provas de superação com crescimento em todas as áreas, independentemente de crises. Nos últimos dois anos - de maio/2008 a abril/2010 - o número de empregos novos gerados pelo setor saúde foi de 151.668, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Finalmente, em nome da Fenaess, CNS, Sindhosp e Hospitalar, queremos agradecer a todos que contribuíram para a realização dos nossos congressos e eventos, tanto com os apoios como pela organização e participação nas comissões científicas.

Boa feira, bons congressos e ótimos negócios para todos!"



Dr. Humberto Gomes de Mello, presidente da FENAESS
(apresentação em 25/5/2010)
Haja coração!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Por que "O Cavaleiro da Saúde"?

É o título de um artigo de André Medici sobre Dr. Juljan, em seu blog Monitor da Saúde (http://monitordesaude.blogspot.com/2010/01/juljan-czapski-o-cavaleiro-da-saude.html - vale a leitura)

Resolvemos estender o título, para todo o projeto! (Silvia Czapski)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Cavaleiro da Saúde

Blog, exposição, site. Tudo ao mesmo tempo, nesta semana de 24 a 30 de maio de 2010.
Uma corrida do bem, pra dar tudo certo.

Segue então, o release que preparamos, explicativo de onde chegamos, até agora, e como queremos continuar. Aos poucos, queremos rechear esse espaço com notícias e pequenas ou grandes descobertas que nascem da pesquisa para o livro sobre Juljan Czapski, O Cavaleiro da Saúde.


Exposição na Hospitalar 2010 homenageia criador da Medicina de Grupo e dos Planos de Saúde no Brasil

Também idealizador do Congresso Latino Americano de Serviços de Saúde – ClasSaude - Dr. Juljan Czapski faleceu em janeiro. Também será lançado site e, em 2011, um livro sobre sua trajetória.

"Brasileiro por opção e orgulho, Dr. Juljan Czapski foi uma pessoa que, com dedicação e humildade, idealizou o conceito da Medicina de Grupo no país, semente do importante segmento dos planos de saúde.”


Assim começa o texto do primeiro painel da exposição-homenagem “Dr. Juljan Czapski - O Cavaleiro da Saúde”, que permanecerá em cartaz de 25 a 28 de maio na Hospitalar 2010, no espaço dedicado aos mais de 60 congressos e seminários simultâneos do Fórum+Feira.

Idealizador do Congresso Latino Americano de Serviços de Saúde, que acontece desde a primeira Hospitalar, foi Doutor Juljan quem trouxe para a sua primeira edição, em 1994, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Hiroshi Nakajima, além de sete ex-ministros da saúde da Europa. Ainda atuava como coordenador científico do evento internacional, quando faleceu em 12 de janeiro de 2010.

Criada com a parceria da Amil, Hospitalar, Intermedica e três entidades em que teve forte participação – Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (SHINDHOSP) e Federação dos Hospitais do Estado de São Paulo (FEHOESP) – a exposição compõe-se de seis painéis, com cerca de 50 imagens escolhidas entre as mais de mil fotografias e 2 mil documentos do acervo pessoal do médico.

Os textos acompanham e contextualizam a vida dessa personalidade na área da saúde, que vivenciou a surpreendente evolução da Humanidade no último século. Nascido numa tradicional fazenda na Polônia, quando criança, o pequeno Juljan ia de carruagem para a escola. Saiu de cenário em plena era da tecnologia da informação.

Exposição, site, livro
A mostra “Dr. Juljan Czapski – o Cavaleiro da Saúde” é o primeiro produto de um projeto maior, que inclui a produção do site doutorjuljan.com.br e um blog, que entrarão no entrar no ar em 26/5, dia seguinte ao da abertura da exposição, e de um livro, com lançamento previsto na Hospitalar 2011.

Escrito pela filha, a jornalista Silvia Czapski, e André Medici, economista sênior do Banco Mundial para a área da saúde na América Latina, a publicação partirá da farta documentação deixada por Dr. Juljan, e de depoimentos de pessoas que conviveram com ele, para traçar sua trajetória.
Num segundo momento, os materiais mais significativos, avaliados, reproduzidos e sistematizados, poderão integrar um centro de referencia sobre a evolução da medicina de empresa e das empresas médicas no Brasil.

Sobre Dr. Juljan

Nascido em Poznan, Polônia, Juljan Czapski deveria herdar a fazenda Obra, há mais de 100 anos de posse da família. Mas em 1939 eclodiu a 2ª Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelo exército nazista. Aos 14 anos, Juljan enfrentou uma verdadeira odisseia, com a mãe e irmãos mais novos, para chegar ao Brasil, sua nova pátria. Nos primeiros anos por aqui, viveram agruras similares às de tantos imigrantes europeus que refizeram suas vidas e contribuíram para a evolução da cultura e a ciência no país.

Foi no Brasil que Dr. Juljan descobriu a medicina como vocação. Em 1956, cerca de um ano após a formatura como médico, percebeu, antes dos outros, que o desenvolvimentismo dos anos 1950 gerara uma nova classe de pessoas sem acesso aos serviços de saúde.

Fundou a Policlínica Central Ltda, com intenção de oferecer bons serviços médicos e de prevenção às doenças, sobretudo a empresas de pequeno e médio porte. Na época, o termo terceirização sequer tinha sido pensado.

Também foi ele quem idealizou a primeira franquia brasileira da área de saúde quando o termo também não existia: a Policlínica Central de Porto Alegre, formulada em 1963. Três anos depois, representantes de 11 empresas existentes na época, formaram a Associação Brasileira de Medicina de Grupo, da qual Dr. Juljan foi o primeiro presidente, por dez anos.

Um pouco mais tarde, à frente dos Empreendimentos Hospitalares São Jorge, ajudou a fortalecer e criar entidades e eventos também nesse segmento. Além de organizações nacionais, pertenceu a oito entidades internacionais do setor, entre as quais a Federação Internacional de Hospitais, onde foi vice-presidente, e a Royal Society of Medicine, de Londres.

Em 1978, foi o único brasileiro presente na Conferência de Alma Ata, de onde saiu a moderna concepção de saúde pública. A partir dos anos 1990, representando o Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo, do qual foi diretor, foi ativo participante dos conselhos municipal e estadual de saúde, em São Paulo.

Dr. Juljan (ou Julian, como muitos o chamavam) lutou por políticas públicas na saúde seguindo uma diretriz, que resumiu numa única frase em 2008, ao receber o premio Personalidade do Ano na Área da Saúde, da Hospitalar e entidades parceiras: Meu lema sempre foi fornecer à população um bom nível de Serviços de Saúde. Entre suas grandes preocupações estavam a gestão na área pública ou/e privada e a formação e capacitação de recursos humanos nessa área.

Casado com a artista plástica, fotógrafa, filósofa Alice Brill, ele também se destacou nos campos da cultura e da ecologia, antes do termo ser moda. Foi fundador do Museu de Arte Moderna de São Paulo e, posteriormente, seu diretor. Em 1986 estruturou em Itu a Associação Ituana de Proteção Ambiental, que distribuiu mais de um milhão de árvores nativas, bem antes de se falar em replantios para combater mudanças climáticas.