Como cuidar, trabalhando de dia, estudando à noite e vivendo sozinho num quarto alugado, na rua João Moura, no bairro Pinheiros, ou - logo que casou - num minúsculo apartamento em que quarto era também sala, e o corredor era aproveitado como laboratório fotográfico, na Avenida São João, 1901?
Em 1950, Alice estava em sua fase-fotógrafa, Juljan estudava medicina e era seu assistente, e a filha primogênita, Ines, era um bebê. A "casa Czapski" ficou pronta (nome dado mais tarde à residência, quando o amigo Vilanova Artigas, que a projetou, tornou-se famoso arquiteto)
A região - no bairro Sumaré - era quase deserta, Alice disse que só mudaria se tivessem um cão de guarda. Juljan foi ao biotério da faculdade para adotar um. Avisaram:
- Tem aqui um cachorro bravo, late muito.
Ele levou.
Pois bem, o cachorro acostumou-se à família e vice-versa. Mas jamais fazia barulho para um estranho. Só que, quando percebia alguém conhecido, pessoa amiga descendo lá da rua de cima, claro que começava a latir com o maior vigor e o rabo abanando, para manifestar sua alegria.
Os pais e irmãos de Juljan moravam na época na fazenda Vitoriana, em Botucatu, onde o pai trabalhava como administrador. Juljan resolveu levar o cachorro para aprender a latir com os cães dos Czapskis, na fazenda.
Na época, já era obrigatório transportar os animais em um compartimento próprio, num vagão específico do trem.
O trem não saia... não saia... e os funcionários chamavam:
- "Pelamordedeus", quem botou aquele cachorro bravo que está lá?
Era o cachorro de Juljan. Quando o animal viu o dono, saiu feliz do vagão, manso, abanando o rabo.
Perguntei para meu pai: - O cachorro aprendeu alguma coisa com os cães em Botucatu?
Juljan: - Ele ensinou os cães de meus pais a pular pela janela para fora [risos]
Se você conhece minha família, saberá o quanto é típica essa história! Mas não deve ser esse "causo" que entrará no livro sobre o Cavaleiro da Saúde, pois há outras histórias com animais, ainda mais curiosas, como a do vistoso galo Polidáctilos, que subia no colo de Juljan e Alice, dos amigos-namorados Eva Lieblich e José Eduardo Fernandes, e aparece na foto ciscando comida direto da mão de Juljan e a amiga Eva, naqueles idos anos 1940... (Silvia Czapski)
Oi, Sílvia,
ResponderExcluirMuito boa essa
história do cachorro que era "bravo"!
Me lembrou muito o meu pai, também de São Paulo, e a minha infância nas férias era na casa da minha tia Drina, no bairro Sumaré. Tinha até realejo na rua!!
Adoro São Paulo, tenho uma ligação muito grande com a cidade, raízes antigas, que começaram em Sâo Paulo, com meus avós e toda a família por parte de pai, e continuam com minha família em S. Paulo e os meus amigos paulistas, entre eles, você, Sílvia, que foi quem me levou a conhecer o Pedro, a Lois, Angela, Ailton, e o Admilson! Obrigada, por tudo.
beijos da amiga
Ana.