segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Últimos a saber?

Nem gosto de relembrar os primeiros dias após a noite de 12 de janeiro, quando Dr. Juljan faleceu. O telefone não parava de tocar, as mensagens (que eu fazia questão de responder) não paravam de chegar. Deve ter sido o mesmo para meus irmãos e tios, mas naquele momento era tanto peso, que a gente nem conseguia conversar sobre isso.

Tanta confusão, que só poucas semanas atrás descobri que, em 21 de janeiro, o Conselho Municipal de Saúde de São Paulo prestou homenagem a ele. Foi durante a 131ª Reunião Ordinária, 9 dias após seu falecimento.

Claro que teve o tradicional minuto de silêncio, não só para Dr. Juljan, como também para Zilda Arns, a fundadora da Pastoral da Criança, e as vítimas do terremoto no Haiti, que – triste coincidência – foram embora no mesmo dia.

Foi o conselheiro José Guilherme de Andrade - Titular do representante da Sociedade Civil, movimentos sociais/ população negra tanto no Conselho Municipal, como no Estadual de saúde - o encarregado de falar em homenagem ao Doutor Juljan. E falou bonito. Em poucas palavras, descreveu Dr. Juljan, seus interesses e formas de atuar. E encerrou assim:
“...quisera Deus que um camarada nascido em Mococa, interior de São Paulo, viesse homenagear um polonês que, fugido da guerra, atravessou toda a Europa, com a mãe e irmãos (...) Quisera Deus poder falar sobre esse grande homem, e quisera Deus terminar sua fala citando o maior poeta da língua portuguesa – Camões:
“Cesse tudo
O que a mais bela Musa canta
Porque um valor
Muito mais alto
Se levanta."
Ao ter direito à palavra, também Jamil Murad, médico, vereador, ex-deputado, fez questão de homenagear “a Dra. Zilda Arns e o Dr. Juljan, que batalhavam conosco nessa trincheira”. E fechou assim, sua fala:

“Valeu a pena a vida que eles tiveram aqui e o esforço que fizeram, e nós todos aqui temos esse compromisso de levar adiante, por mais difícil que seja a batalha, mas levar adiante”.

Acho que não preciso contar que a homenagem ganhou uma página do site doutorjuljan.com.br. Com direito a link para a ata da reunião (disponível no formato pdf) e para as manifestações na íntegra, tanto de José Guilherme, como de Jamil Murad, que também foram inseridas, estrategicamente, como depoimentos.
(para conferir as outras homenagens, tem de clicar aqui)

Em tempo – ainda estamos na revisão final do site. Será ótimo ter sugestões e opiniões para melhora-lo. Pois tudo também é matéria-prima para o livro, que sairá em 2011. (Silvia Czapski)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mosaico de palavras
(depoimentos no novo site)

Sempre tive fascinação por mosaicos. Pequenas peças de algum material, que – colocadas juntas – formam algo novo, com um novo sentido.

Quando criança, eu gostava tanto de vitrais, que nos anos 1960 – tempo em que Dr. Juljan começou a participar de congressos e entidades internacionais – ele e minha mãe compraram na França um dos mais belos livros que já ganhei. Conservo-o até hoje. Capa dura, com centenas de páginas - um luxo, na época - reproduz vitrais de igrejas medievais francesas em folhas quase transparentes, provavelmente acetato.

Mais tarde, fiz um curso de artesanato em vidro. Claro que o que mais gostei foi a produção de mosaicos. Detalhista, levei meses para produzir um único, com pequeníssimos cacos coloridos de vidro italiano.

Relembrei de tudo isso ao rever os 40 depoimentos sobre Dr. Juljan, que estão entrando no site sobre o Cavaleiro da Saúde. A sensação é que são uma das mais fantásticas matérias primas para o mosaico de palavras que devo compor, ao fazer o livro sobre a vida de Juljan Czapski.

Nossa memória é seletiva. E tende a guardar mais os bons momentos. Portanto o que temos é um conjunto de pequenos e grandes eventos, vividos por e com diferentes pessoas, que dão suas próprias visões dessas vivências. Para mim, às vezes despertam lembranças. Outras vezes soam como verdadeiras descobertas de facetas que não tive o privilégio de conhecer.

São um brinde para quem está esperando o livro. Pois revelam diferentes aspectos desse personagem que foi protagonista da história da saúde no país, nos últimos 50 anos.

Clique aqui, para visitar. Mas não deixe de mandar suas críticas, opiniões, sugestões, pois trata-se de um site em construção. (Silvia Czapski)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fraude contra aposentados

Estivesse vivo, em vez de divulgar num blog, Dr. Juljan comentaria essa correspondência com dezenas de pessoas de seu relacionamento pessoal. Também levaria às autoridades competentes para denunciar. Não seria o primeiro.

Semana passada chegou para ele (assim como provavelmente nas residencias e em nome de milhares de aposentados e aposentadas) um aerograma do Poder Judiciario, com uma informação tentadora, sobre o ganho de uma ação indenizatória contra a "Previdência Privada (Capemi Caixa de Peculios, Pensões e Montepios)".

Veja na imagem ao lado: valor a receber: R$ 45.390,60. Porém há um guia de recolhimento de despesas judiciais, de R$ 2.857,20.

Olhos arregalados com o ganho inesperado, o(a) incauto(a) lê que deve agendar o comparecimento a audiência para o devido resgate, "pelo número de telefone abaixo" (que copio, para registro: 11-6249.4342, ramal 6504, de segunda à sexta feira, das 9 às 16h).

Pois bem, a imagem que ilustra este post não é a carta recebida por Dr. Juljan. Mas é praticamente igual, mudando a data (3 de agosto de 2010), nome do "diretor de serviços" (Bruno Mendonça Carrillo) e valor da guia de recolhimento. Encontrei no blog de Marcelo Galvani, que fez a denuncia em fevereiro/2010. Também ele não foi o único a denunciar. Uma pesquisa em sites leva a dezenas de alertas em que outros detalhes podem mudar, como o nome de "diretor de serviço" (que "assina" a notificação) e o valor da ação.

O blog do beagle apresenta outros elementos que evidenciam o golpe: o Poder Judiciário não envia aerogramas, não existe "audiência para o devido resgate", nem há "Vara de Falencias" mas 'Oficio de Falencias". Lá está escrito que está em curso um inquérito policial contra essa fraude.

O fato é que correspondências continuam a chegar na casa de aposentados e aposentadas, o que quer dizer que o golpe continua. Por isso, a decisão de sair do tema central dos posts (livro sobre o Cavaleiro da Saúde), para também divulgar a denuncia. A esperança é que menos gente caia nessa conversa. (Silvia Czapski)


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A força das redes


Surpreendente! Entramos no google, digitamos a frase "Homenagem a Dr. Juljan (uma vida que parece romance)". Assim mesmo, entre aspas para indicar apenas os links que contém a frase exata. Em primeiro lugar, vem o filme, de 7 minutos, no dois locais onde foi inserido - Vimeo e Youtube.

Mas a busca mostra muito mais: até agora, em menos de 3 semanas, cerca de 70 endereços de sites "adotaram" este vídeo em seus próprios portfólios. Feito em 2008, como parte da homenagem da Hospitalar e entidades parceiras, que o elegeram como Personalidade da Área de Saude do Ano, o video vai além da medicina, mostrando sua vida que, como o título diz, mais parece um romance.

A foto que ilustra este post está no vídeo e é um bom exemplo. Tirada e junho de 1939 é o último registro da família na fazenda Obra, em Poznan/Polônia, onde Juljan nasceu. Em setembro daquele ano, com o início da II Guerra Mundial, a fazenda foi invadida pelo exército nazista. Expulsa, a família viveu uma odisséia de dois anos, até chegar no Brasil, a nova pátria.

Claro que teremos mais espaço para contar essa emocionante história no livro sobre o "Cavaleiro da Saúde". Mesmo assim, se você não viu o video, assista! E que venham mais indicações e adoções! (Silvia Czapski)

domingo, 8 de agosto de 2010

Barbara Myers - Lembranças de 1953

O pessoal do Instituto Moreira Salles que me perdoe, mas ilustro essa com uma fotografia que Alice Brill, esposa de Juljan Czapski, fez nos anos 1950, do Carnaval na Bahia. O negativo é hoje do Instituto. Mas essa ampliação foi feita e guardada por Alice. O que está no verso, revela a história da imagem. Seja pelo carimbo (ao lado), ou pelo que Alice anotou à mão: “Carnaval – Bahia” e “música e dança, força expressiva individual e coletiva”. Em geral, peço antes, o IMS autoriza, e eu indico que o copyright é deles. Justíssimo! Só que escrevo num domingo. Depois falarei com eles!

Ufa! Tudo isso para contar sobre uma carta que recebi de Barbara Myers, que se tornou amiga de Alice em 1947, quando ambas estudaram arte na Universidade de New México, EUA. Bolsista, Alice namorava Juljan, que ficara no Brasil. Barbara ainda não conhecia David Myers, seu então futuro marido, também falecido (ele foi um renomado cineasta, realizador de documentários).

Pois bem, em 1953, Barbara visitou Juljan e Alice em São Paulo. Já eram casados, e Juljan, que ainda estudava medicina, estava em férias. Juntos, foram para a Bahia. Era carnaval! (esse carnaval que vemos na foto)

Poucas semanas atrás, Barbara soube do falecimento de Juljan (“I’m so sorry to hear that he passed away. He was such a nice person.”). Eis uma lembrança dela, dessa convivência, numa livre tradução minha:
O que lembro são momentos”, diz, “por exemplo, quando estivemos na Bahia. [Juljan] abriu uma maleta cheia de dinheiro. Ele disse: “veja, isso é o que faz a inflação! Nós precisamos de todo esse dinheiro para pagar a estadia na pensão!

(...) Ele me disse, uma vez, para vestir [roupas] com mangas compridas, caso contrário algum homem se aproximaria e diria “Delicioso”.

Esses eram os hábitos 55 anos atrás, ainda antes do biquíni! (...) Era minha primeira vez fora dos EUA, e eu fiquei intrigada com um amigo de Alice, que veio conosco para a Bahia, trazendo seu macaco de estimação no avião.”

Confesso ter ficado emocionada com esse relato de Barbara. Pequenos detalhes que ensinam sobre o modo de vida de um jovem casal, há mais meio século!
(Silvia Czapski)