
Famosíssima na região, a festa junina da Fazenda São Miguel era arquitetada em todos detalhes pelo administrador, Zé Viana, sanfoneiro de mão cheia, mestre dos desafios (que no Nordeste chamariam de repentes).
Convidados, quase só gente de lá mesmo: em geral, empregados e patrões de propriedades vizinhas, desde crianças até idosos. Nada daquelas roupas pseudo-remendadas, que caracterizam as festas juninas urbanas. Centenas de pessoas no terreiro de café, ou seu entorno, dançando e se divertindo até quase raiar o dia, com direito à boa música caipira, quentão, pipoca, batata doce assada na fogueira, uma atração na noite, sempre fria. O mastro com os três santos - Santo Antonio, São João, São Pedro - era marca do evento.

No auge da festa, o desafio do pau de sebo: um poste de madeira coberto de sebo, com um envelope no alto, representando o premio (valor em dinheiro, nada demais). A cada rapaz que escalava e desistia no caminho, escorregando para baixo, o poste tornava-se mais liso e difícil de subir. E os premios aumentavam....
Mas convite impresso, como este acima, foi uma festa junina um pouco diferente, que atraiu convidados de São Paulo e ABC paulista (onde ficava por exemplo a VW, maior cliente da Policlínica). Como diz o convite, começou pela hora do almoço - numa de suas últimas entrevistas, Juljan contou que a carne do churrasco foi trazida por Istvan Wessel, na época fornecedor da VW -, estendeu-se noite afora - no mesmo terreiro. O charme foi a apresentação do grupo de danças de Solano Trindade, maravilhoso. Quem participou, jamais esqueceu!

Sem pipoca e quentão, mas com muitas histórias para ler e trocar, teremos hoje o lançamento da Livraria Cultura. Se ler esta em tempo, venha! (Silvia Czapski)