DoutorJuljan fez uma refeição leve na véspera, acordou um pouco mais cedo (sempre acordava cedo), não tomou café da manhã e, como sempre, chegou uns 20 minutos antes da hora marcada de um exame, em que deveria estar pelo menos sete horas em jejum, no Hospital Sírio Libanês. Estávamos em junho de 2009, o exame era tido como essencial ao protocolo para definir o tratamento da doença.
Já estávamos numa inexplicável espera de horas do tal exame, que não acontecia. Por ser diabético, não poderia permanecer tanto tempo sem comer. Mas tinha de esperar.
Duas vezes alguém surgiu no apartamento, para medir a pressão, ou a glicemia.
Três horas passadas desde a entrada no hospital, veio a médica residente. O exame que fez não passou de um pequeno questionário, para o estranhamento do médico da velha guarda. Questionada, ela prometeu voltar em 15 minutos com a resposta de quando aconteceria. Nunca mais apareceu...
Eu tinha trazido o gravador. Passadas mais duas horas, comecei a fazer perguntas. O tema era o início anos 1960, quando sua Policlínica Central tinha a VW do Brasil como maior cliente.
Apesar dos contatos com governo federal serem atribuição da família Monteiro Aranha, ele confessou que certa vez facilitou um encontro entre Schultz Wenk, o presidente da VW, e o então presidente da república, João Goulart.
Três horas passadas desde a entrada no hospital, veio a médica residente. O exame que fez não passou de um pequeno questionário, para o estranhamento do médico da velha guarda. Questionada, ela prometeu voltar em 15 minutos com a resposta de quando aconteceria. Nunca mais apareceu...
Eu tinha trazido o gravador. Passadas mais duas horas, comecei a fazer perguntas. O tema era o início anos 1960, quando sua Policlínica Central tinha a VW do Brasil como maior cliente.
Apesar dos contatos com governo federal serem atribuição da família Monteiro Aranha, ele confessou que certa vez facilitou um encontro entre Schultz Wenk, o presidente da VW, e o então presidente da república, João Goulart.
Era curioso um médico da empresa conseguir isso, comentei com ele.
Sou filha, posso brincar. Principalmente numa situação tensa como a espera, sem explicações, em jejum, de um exame que não acontece, para piorar, num hospital com fama de excelencia e luxo.
Eu: - Você era o poderoso dos poderosos?
Ele riu
Eu: - Lobista da VW?
Ele: - Lobista da VW. [rindo]
Eu: - Se você tem lobistas, mas os lobistas não conseguem, e você consegue, sinal que você é importante!!!
Ele: - Sim [ rindo]
Eu: - Nunca entendi isso, quando eu ligo e digo que é Silvia querendo falar com alguém, não ligam para mim. Quando você diz que é Dr. Juljan, vira uma aura.
Ele: - São acasos, nem sei como é que é.
OK, é papo de filha com pai, contaminando a entrevista. Mas, de fato, assim acontecia e assim era Dr. Juljan, que também viveu acasos incríveis.
Como uma das vezes em que pedira audiência com Presidência da República, sem certeza de quanto demoraria para ter o retorno. Chamaram-no no dia seguinte. Na verdade, queriam falar com Julien Chacel, da FGV. A secretária se confundiu. Quando perceberam, Juljan Czapski já estava lá. Foi recebido.
Em tempo: o tal exame médico no Hospital Sírio-Libanes aconteceu depois de mais de sete horas de inexplicável espera em jejum. Por não ter sido o unico problema do atendimento, Dr. Juljan fez questão de redigir um "relatório de internação", que entregou ao médico e a Conzalo Vecina, superintendente do hospital com quem tinha ótimo relacionamento. Tomara que tenham melhorado. (Silvia Czapski)