"Nossa reportagem é festivamente despedida na estação".
(Legenda da foto em que Juljan Czapski está, com o chapéu mais claro, atrás do menino)
O título da reportagem parece provocação. “O Outro Ouro Negro”.
O Brasil tinha vivido a campanha O Petróleo é Nosso. Mas, no início dos anos 1950, só 7% do petróleo usado no país era produzido por aqui. O carvão mineral - que impulsionou no passado a Revolução Industrial na Europa - também era explorado, mas tido como fonte energética marginal, como se tivesse pouca importancia.
É a época em que os namorados Juljan Czapski e Alice Brill visitaram a mina de carvão no Rio do Peixe, perto de Nova Wola, a fazenda dos Czapskis. Ele estudava medicina, e ela sonhava em ser artista plástica, mas, para sobreviver, fazia fotografia. Ele trabalhava com ela.
O artigo foi encontrado numa caixa, junto com as fotos que ilustram esse post. O conteúdo do texto é uma aula. Que revela o interesse e o conhecimento do estudante de medicina por temas médicos e de saúde pública.
Por outro lado, quem estiver em São Paulo e visitar a exposição de Alice Brill no Espaço Cultural BM&F (aberta até final de dezembro/2010) verá um quadro que ela fez, justamente em Figueira - o povoado próximo à mina! (é o intitulado "Queimando o Judas")
Em tempo - o acidente no Chile coloca em evidencia o tema no mundo todo. A reportagem de Juljan e Alice, dos anos 1950, menciona riscos das minas, naquela época. Após um preparo do local, a exploração se dava por meio de explosões de dinamite, abaixo da terra. Se se formassem gases venenosos, a lamparina começaria a piscar. Era o único sinal de alerta. "O mineiro foge o mais depressa possível até a boca da mina. Uma demora pode significar o risco de morte", informa o texto. E, apesar de tudo, na conversa com os mineiros, o casal percebeu a satisfação com o trabalho.
Trata-se de mais um incrível achado, um novo insumo inédito para o livro sobre Dr. Juljan Czapski, o cavaleiro da saúde. Mas o ideal seria saber onde foi publicado, pois achamos apenas parte das fotos e o rascunho. Será que alguém teria uma dica? (Silvia Czapski)