quarta-feira, 29 de junho de 2011

Em festa

Revendo este convite... em pleno período de festas juninas (julinas?), dá vontade de transformar o lançamento do livro "O Cavaleiro da Saúde", na Livraria Cultura no Conjunto Nacional, neste 1/7, numa festa como foi esta, nos anos 1960!

Famosíssima na região, a festa junina da Fazenda São Miguel era arquitetada em todos detalhes pelo administrador, Zé Viana, sanfoneiro de mão cheia, mestre dos desafios (que no Nordeste chamariam de repentes).

Convidados, quase só gente de lá mesmo: em geral, empregados e patrões de propriedades vizinhas, desde crianças até idosos. Nada daquelas roupas pseudo-remendadas, que caracterizam as festas juninas urbanas. Centenas de pessoas no terreiro de café, ou seu entorno, dançando e se divertindo até quase raiar o dia, com direito à boa música caipira, quentão, pipoca, batata doce assada na fogueira, uma atração na noite, sempre fria. O mastro com os três santos - Santo Antonio, São João, São Pedro - era marca do evento.

Na hora da dança, se a moça recusasse um par, mas aceitasse outro para a mesma música, era briga na certa entre os mancebos! O momento do lenço pendurado entre as bandeirinhas era especial para as mulheres, que ganhavam o direito de escolher os parceiros.

No auge da festa, o desafio do pau de sebo: um poste de madeira coberto de sebo, com um envelope no alto, representando o premio (valor em dinheiro, nada demais). A cada rapaz que escalava e desistia no caminho, escorregando para baixo, o poste tornava-se mais liso e difícil de subir. E os premios aumentavam....

Mas convite impresso, como este acima, foi uma festa junina um pouco diferente, que atraiu convidados de São Paulo e ABC paulista (onde ficava por exemplo a VW, maior cliente da Policlínica). Como diz o convite, começou pela hora do almoço - numa de suas últimas entrevistas, Juljan contou que a carne do churrasco foi trazida por Istvan Wessel, na época fornecedor da VW -, estendeu-se noite afora - no mesmo terreiro. O charme foi a apresentação do grupo de danças de Solano Trindade, maravilhoso. Quem participou, jamais esqueceu!

A saber: com o passar dos anos, muitas pessoas da região adotaram religião que não aprovava festas juninas, diminuindo o público para esses eventos. Para completar, começaram os roubos na área rural. Acabaram-se as festas da Fazenda São Miguel.

Sem pipoca e quentão, mas com muitas histórias para ler e trocar, teremos hoje o lançamento da Livraria Cultura. Se ler esta em tempo, venha! (Silvia Czapski)