terça-feira, 29 de março de 2011

Em festa


Acabo de receber de Dra. Waleska Santos, da Hospitalar, cópia de um documento histórico da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares, que está em festa, comemorando sua chegada aos “enta”, ops, 40 anos de vida. Trata-se da ata de fundação, de 3 de março de 1971, ainda com nome de Colégio Brasileiro de Administradores Hospitalares.

Em linguagem sintética, o documento cita a aprovação dos estatutos, elaborados previamente pela Associação dos Hospitais do Estado de São Paulo e o IPH – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e de Pesquisas Hospitalares (dos quais Dr. Juljan participava) e relaciona um “grupo de 21 nomes de administradores formados por diversas Escolas”, que compôs a 1ª Diretoria. A começar pelo Conselho Diretor, encabeçado por Pe. Niversindo Cherubin, importante líder desse segmento (não é para menos que a assembleia aconteceu no Hospital São Camilo, dirigido por ele), que tem Dr. Juljan como membro.


No livro “O Cavaleiro da Saúde” (lançamento no final de maio!) tem um pouco dos bastidores dessa história. Padre Cherubin relatou sobre sua aproximação com Dr. Juljan, nos anos 1960 e das primeiras discussões para criar essa entidade associativa, inspirada em modelos internacionais.

Também Dr. Cícero Sinisgalli dirigente do IPH deu seu depoimento, que pudemos complementar com a leitura de um delicioso livro de crônicas de sua autoria (exemplar com dedicatória para Dr. Juljan), em que ele relata sobre esses “velhos tempos”.

Para quem gosta de conferir nomes (quem não?), escaneei do documento original de 1971 para publicar, aqui ao lado, a lista dos primeiros diretores, copiada do original distribuído pela FBAH.

Acima, uma cena de 1978 em que Dr. Juljan e a esposa Alice Brill cumprimentam o então poderoso ministro Aureliano Chaves, durante o Seminário de Assistência Médica e Hospitalar, promovido pelas entidades parceiras, Associação dos Hospitais de Minas Gerais e da Federação Brasileira de Hospitais. (Silvia Czapski)

sábado, 26 de março de 2011

Francisco Eichbaum

Os mecanismos de busca da internet tornaram-se uma maravilha para quem pesquisa a história recente. Encontra-se de tudo, só temos de ter o cuidado de não "comprar o gato por lebre", checando antes a veracidade do escrito.

No entanto, para coisas mais antigas as lacunas são imensas. Ao buscar informações sobre Dr. Francisco Eichbaum, um dos primeiros sócios de Dr. Juljan na Policlínica Central (de onde derivaram os planos de saúde no país) encontrei... quase nada. Puxei pela memória e me lembrei dos saraus musicais que ele e a esposa Gisela (artista plástica como Alice, esposa de Juljan) faziam na casa deles no bairro do Sumaré, em São Paulo, para os quais até convidavam músicos internacionais de renome.

Eu achava incrível. Música clássica não era cultuada, o público era pequeno, os músicos que vinham tocar no Teatro Municipal ficavam contentíssimos quando eram convidados para um evento na casa de admiradores como o casal, que tinha a música como hobby. Mesmo sendo criança, às vezes eu podia ir.

Uma delícia. Até porque Dr. Francisco era excelente no violoncelo (Dr. Juljan relatou que ele sobreviveu disso, nos primeiros tempos de Brasil) e Gisela, idem, no piano.

Os dois filhos são chiques hoje. Consultor, com carreira em comércio internacional, Jan Eichbaum é cônsul de Luxemburgo. Katharina é ecóloga, com um invejável conhecimento sobre os organismos aquáticos. Uma viagem recente foi para um congresso na África do Sul, onde ela apresentou uma de suas pesquisas.

Na pesquisa para o livro "O Cavaleiro da Saúde", achei um resumo que Dr. Juljan fez sobre o ex-sócio. Agora, reencontro mais um texto sobre ele, guardado pelos os pais de Juljan (eram amicíssimos de Dr. Francisco e Gisela). Para que as pessoas que pesquisam sobre ele, ou sobre o tema da farmacologia e microbiologia tenham acesso, reproduzo o que achei. Desconheço a autoria, mas certamente é uma apresentação em homenagem, na época em que Dr. Francisco Eichbaum faleceu.

'FRANCISCO EICHBAUM

Aos 19 de fevereiro de 1980, faleceu em São Paulo o Dr. Franz Wilhelm Eichbaum, que teve uma vida intensa, sempre granjeando amizade e admiração pelos seus invejáveis dotes intelectuais, científicos e culturais.

Nascido em Mainz, Alemanha, aos 12 de abril de 1906, freqüentou na sua cidade natal a escola primaria e o ginásio. Fez o curso de graduação em Medicina nas Universidades de Heidelberg, Bonn, Viena e Frankfurt/M onde colou grau em 1929 e defendeu Tese de Doutoramento.
Em 1937, obteve o titulo de Doutor em Medicina também na Universidade de Praga, Checoslovaquia (obs: atual República Tcheca). Radicado na Inglaterra, nos anos de 1939-1940, dedicou-se a Microbiologia na Chelsea Polytechnic de Londres.

Foi no Brasil, porém, que aplicou e expandiu toda essa bagagem cientifica acumulada nos centros europeus. Entre 1941-1950 foi Professor Assistente e Chefe de Laboratório de Microbiologia da Escola Paulista de Medicina. Concomitantemente, desenvolveu pesquisas nos Institutos Biológico e Butantã.

Em 1950 revalidou o diploma médico na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro e se tornou Assistente Extranumerário de Clinica de Moléstias Tropicais e Infecciosas na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professor Assistente Doutor do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Serviço do Prof. Charles Edward Corbett) desde 1967, passando à Disciplina de Terapêutica Clinica pela Reforma Universitária de 1969, aposentou-se compulsoriamente em 1976.

Mesmo aposentado continuou seu trabalho científico no laboratório, publicando continuamente e deixando, ao falecer várias pesquisas em andamento — que serão concluídas — e trabalhos científicos já enviados para publicação. No período de 1964 a 1969, foi bolsista do National Institute of Health, Bethesda, EUA, quando desenvolveu pesquisas relacionadas com o tétano e a difteria.

A persistente dedicação ã pesquisa laboratorial está refletida em aproximadamente 150 publicações divulgadas através de revistas nacionais e estrangeiras. A maioria destes trabalhos, no entanto, foi escrita em inglês, idioma no qual se expressava com a mesma fluência que em sua língua materna, o alemão.

Aliás, foi um poliglota consagrado, pois dominava, além dos citados idiomas, as línguas clássicas - grego e latim - bem como os principais idiomas latinos e vários eslavos. Escreveu capítulos de livros científicos e orientou teses de doutoramento na Universidade de São Paulo e em outras Escolas médicas nacionais.

O seu árduo trabalho científico e de consultório era intercalado com momentos de lazer dedicados à música e às artes plásticas nas quais sua esposa, D. Gisela, é consagrada cultora. Era contudo, um apaixonado pela música. Violoncelista exímio, participou, juntamente com outros amadores, em concertos dedicados a apreciadores do gênero clássico musical.

Seu falecimento deixa um vazio profundo no Laboratório da Disciplina de Terapêutica Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, assim como para seus clientes, aos quais se dedicava com esmero e carinho, e para seus amigos e familiares.

Todos que o conheceram conservam na lembrança o exemplo do homem bom, culto, dedicado, cientificamente arguto e trabalhador incansável, que foi o Dr. Eichbaum.'


O texto é longo (nem tanto?), mas fica como um registro importante para quem usa a internet em suas pesquisas. Afinal, blog também é cultura! (Silvia Czapski)